sexta-feira, 5 de abril de 2013

VISÕES SOBRE A POLITICA INDUSTRIAL BRASILEIRA


Por: José Raimundo Alves*

Historicamente o processo industrial brasileiro foi baseado na substituição de importações; sendo, portanto uma indústria voltada para o mercado interno. Esse tipo de industrialização geralmente está associado a fatores externos tais como crises econômicas e guerras. No caso do Brasil foram a crise dos anos 1920/30 e a II Guerra Mundial
O principal entrave da Industrialização do tipo Substituição de Importações – ISI é a falta de uma Política Industrial para Exportações – PIE, pois não passa por um planejamento industrial e nem uma produção de tecnologia competitiva. É indústria que geralmente foi dependente de incentivos fiscais e com pouca ousadia empresarial. Daí a explicação para o pequeno destaque dessa indústria no campo internacional. É ainda uma indústria sem política industrial ou com uma política industrial sem objetivos definidos.
A partir dos anos de 1980 a indústria brasileira passou a ter uma concorrência internacional; onde a formação dos blocos econômicos cobra da indústria nacional uma maior competitividade tecnológica e gerencial. Nesse processo aparece a fragmentação da produção industrial a qual, provoca mudanças econômicas comerciais; originando então certa vulnerabilidade externa. O Brasil não ficou sozinho nesse processo. Também ocorreu a abertura econômica da América Latina, fato que agravou ainda mais o desequilíbrio econômico do mundo. O MERCOSUL é um exemplo claro das novas mudanças comerciais no mundo.
Os anos de 1990 foram marcados por uma nova abertura econômica brasileira; fazendo com que a economia brasileira passasse da décima economia para a sexta economia brasileira. Nessa mesma década também ocorreu a entrada de grande quantidade dos produtos importados; inicialmente dos produtos japoneses e posteriormente com os produtos chineses e coreanos. É também a vez do surgimento de um novo perfil nos grupos empresariais; bem como a entrada e a saída de empresas tanto no Brasil quanto na América Latina. Em determinadas situações criou – se uma economia estruturada em empresas maquiladoras como, por exemplo, a economia do México em relação ao NAFTA; em proporções menores aconteceram fatos semelhantes na Zona Franca de Manaus.  
Com relação aos problemas de desenvolvimento industrial, é necessário ter uma política industrial objetiva; com á articulação dessa política com outros segmentos; tais como educação, ciência, tecnologia, distribuição de renda, tributação, comércio interno e externo. No caso do Brasil existem as vantagens em ter uma grande população, uma imensa quantidade e variedade de recursos naturais e um mercado interno promissor; porem o país conta ainda com dois grandes problemas: o baixo nível de escolaridade populacional e alta concentração de renda. Ate mesmo uma grande distância das instituições científicas e tecnológicas em relação a sociedade; o país ainda está muito preso a um modelo educacional excludente e muito burocrático e formalista. É um modelo que se acha dono do conhecimento, o qual deveria ser sistematizador e colaborador do conhecimento e que talvez não devesse ser chamado de cientifico; mas de conhecimento social ou pelo menos humano. A distribuição de renda também é outro problema a ser enfrentado; principalmente no que refere – se a corrupção dos recursos públicos.
Quanto a distribuição espacial; a indústria brasileira é estruturada numa divisão interna e regional do trabalho, onde existem eixos de nacionais de desenvolvimento e cada um deles possui funções específicos. Portanto é sistema que reproduz o modelo da DIT – Divisão Internacional do Trabalho, inclusive na mentalidade dos proprietários dos meios de produção; bem como dos gestores públicos e dos intelectuais brasileiras.
No Brasil há a necessidade de projetos de produção e engenharia nacional em nível mundial ou de globalização; mesmo porque há nichos de mercados, tais como: América Latina, África e parte da Ásia que podem ser perfeitamente aproveitados pela indústria brasileira. Na resolução dessa questão é necessário a de todos os órgãos de governo em todas suas esferas conjuntamente com a iniciativa privada, mas a sociedade, isto é, tem que ser uma ação de país ou de nação. Quanto a inovação; seja ela tecnológica ou organizacional tem sido a necessidade da sociedade contemporânea em todas as partes do mundo: por isso o Brasil não pode fica ausente desse contexto. É claro que qualquer inovação poderá provocar certo rebuliço perante a sociedade; sendo importante as discussões sociais. A indústria brasileira é refém do problemas da inovação defensiva; onde o grupo empresarial retém ao máximo os lançamentos de determinada inovação tecnológica. Em contraponto a tudo isso é importante que os empreendedores do país faça investimento de parte de seus lucros em produção tecnológica. Na realidade a indústria brasileira produz pouca inovação tecnológica; na maioria das vezes pratica o que pode - se chamar atualização tecnológica.
No Brasil é importante que pratique uma política cientifica e tecnológica. Como um novo marco legal para a inovação tecnológica, inclusive no campo acadêmico.
Em relação a mudanças de perfis econômicas; se os anos de 1960 foram marcados pela internacionalização da economia brasileira, os anos de 1990 foram marcados pela internacionalização total da indústria brasileira; é praticamente a falta de qualquer projeto ou política industrial para o Brasil; situação semelhante para as principais economias latinas americanas tais como: Argentina, Chile e México.


* Professor de Geografia da Rede de Ensino do Estado do Maranhão.

Referências Bibliográficas

POLITICA INDUSTRIAL – 1/ Milton de Abreu Campanário... [et al.]; [organização  Afonso Fleury, Maria Tereza Leme Fleury]. - São Paulo: Publifolha, 2004.

POLITICA INDUSTRIAL – 2/Gilberto Dupas... [et al.]; [organização  Afonso Fleury, Maria Tereza Leme Fleury]. - São Paulo: Publifolha, 2004.

quinta-feira, 21 de março de 2013

REFLEXÕES SOBRE O CLIMA URBANO


Por: José Raimundo Alves

O Clima urbano deve ser considerado como um fenômeno resultante da junção da ação natural com a social que forma um sistema climático estruturado por subsistemas denominados hólons. Ele está bastante interligado a precipitação pluviométrica, que é fenômeno que pode repercutir negativamente na cidade ou ser perturbador; negativamente quando se refere a questão da escassez de água e perturbador quanto a questão das enchentes.
As ações do Sistema Clima Urbano - SCU tende a intensificar as consequências dos fatores limitantes da natureza; sendo que no Brasil os problemas do SCU não são apenas originados da exclusão social mas também de uma especulação imobiliária descontrolada; pois aparecem em cidades desenvolvidas e cidades pobres ou mesmo em bairros ricos e bairros pobres numa mesma cidade. Embora em torno de 80% da população brasileira reside em áreas urbanas a intensificação dos estudos sobre o clima urbano é recente e muitas vezes são apenas informações quantitativas sem análises profundas. Se fizermos uma análise mais detalhada vamos perceber que a questão ambiental não conseguir explicar os problemas atmosféricos urbanos; sendo assim necessários o desenvolvimento da Climatologia Urbana.
Quanto mais intenso é o uso do espaço urbano; maiores são as consequências ambientais; com isso aumenta a necessidade de investimentos em infra – estrutura para compensar o desconforto humano. Incluindo ainda nesse contextos as perdas materiais e as humanas.
O SCU também está relacionado aos aspectos geomorfológicos da região analisada. É importante que nessa análise considere os registros de documentos históricos envolvidos com as questões climáticas urbanas. É ainda uma relação entre o sistema geoecológico e a cidade envolvendo o crescimento demográfico, o problema habitacional, a deficiência infraestrutural, as desigualdades socioeconômicas e a segregação espacial.
O SCU apresenta momentos críticos dos pluviométricos variando de lugares dentro de um determinado espaço urbano. Nesse caso apresenta uma relação de relevância de porte das cidades, sendo; de grande, media e pequena. Nessa ordem as cidades de pequeno porte podem aparecer ainda com uma forte relação climática oriunda do meio rural; enquanto que a cidade de grande porte possui um SCU bem especifico de cidade humanamente ocupada sendo assim uma ilha de calor. Mesmo com características internas próprias o SCU pode sofrer influências da sazonalidade (estações, ciclones e anticiclones); isso também vale para as cidades localizadas em regiões intertropicais com por exemplo as cidades de Teresina – PI e São Luís – MA; onde a primeira propicia uma amenização térmica da atmosfera no intervalo anual que vai de Fevereiro a Junho. A segunda apresenta uma maior circulação atmosférica (ventos) no período que vai de setembro a dezembro. Uma grande cidade que já possui característica de Ilha de Calor – IC não é impedida de apresentar característica de Ilha de Frescor – IF, isso vai depender da influência da sazonalidade e dos acessos de circulação atmosférica.
O planejamento urbano, a distribuição dos edifícios, uma arquitetura adequada, a criação e/ou ampliação de áreas verdes nas cidades devem ser consideradas soluções prioritárias para que se tenha um SCU mais salutar.
Já relação ao estudo clima urbano; é necessário o uso máximo dos recursos tecnológicos que seja por exemplo o termômetro; o pluviômetro ou da imagem de satélite.
A revolução industrial é considerada um fator humano marcante na dinâmica do clima urbano; porque provoca alterações significativas na atmosfera, principalmente no que refere-se a diminuição do albedo. Com isso o SCU deve ser considerado sempre como um sistema aberto com autorregulação; porque sempre terá novos fatores e elementos em sua dinâmica pois o meio ambiente urbano é portador dos fatores bióticos abióticos.. A classificação de uma cidade a partir de transetos com ambientes urbanos menores ajudam a compreender melhor o seu clima urbano. Sendo que a IC e a IF podem ocorrer em mesmo momento numa determinada cidade.
A verticalização urbana pode também provocar redução de luminosidade solar sobre o espaço físico urbano acarretando mais consumo de energia elétrica para produção de iluminação artificial. Daí a necessidade de um Plano Diretor Urbano – PDU bem organizado. No entanto a análise e o estudo da composição física e química da atmosfera relacionando – a com a cidade é muito importante para compreender esse espaço geográfico. Daí investigando mais causas dos problemas climáticos urbanos.
Quanto aos estudos sobre as questões climáticas urbanas brasileiras estão muito ligados a mudança do perfil demográfico de rural para urbano ocorrido nas últimas cinco décadas.
O clima urbano na modernidade é marcado pela aglomeração humana e até a década de 1960 todos os fatores atmosféricos eram estudados sob maneira isolada. Atualmente os estudos sobre o clima urbano leva em consideração a integração dos campos: termo – higrométrico; físico – químico e hidrometeórico. Com isso é possível estabelecer as relações entre IC, IF, poluição do ar e as precipitações pluviais que muitas vezes podem inundar as cidades.
O Brasil passou por uma industrialização tardia e uma urbanização acelerada; originando uma dinâmica climática muito peculiar. Os seus estudos são mais intensos nos grandes centros urbanos ou nas cidades litorâneas. Sendo assim necessário aplicações de tecnologias modernas e investimentos em recursos humanos em todos os espaços urbanos do Brasil e parcerias com os países vizinhos quanto aos ambientes climáticos dos espaços urbanos de fronteiras.

* Professor de Geografia da Rede de Ensino do Estado do Maranhão.

BIBLIOGRAFIA

MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo/Francisco Mendonça. Clima Urbano. São Paulo: Contexto, 2011.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O ENSINO DA CARTOGRAFIA


Por: José Raimundo Alves*

Apesar de existir a muito tempo; a Cartografia ainda é muito importante para o homem; pois ele continua necessitando da representação espacial.
Como qualquer outra ciência a Cartografia tem passado por uma evolução; principalmente em seus aspectos técnicos. Nesse caso pode – se abordar a Cartografia computadorizada do Sensoriamento Remoto; das imagens de satélites ou de radares ou ainda da produção gráfica das ciências de engenharia; principalmente da Topografia; da Agrotécnica e da Engenharia Civil. Há quem fale em SIGs – Sistema de Informação Geográfica; outros abordam simplesmente como GEOMÁTICA ou Cartografia Digital. O certo é que a Cartografia passou por uma transformação, mas não desapareceu e nem deixou de ser importante para o mundo. Se buscarmos exemplos de aplicação em atividades socioeconômicas podemos citar além do serviço militar temos praticamente todas as telecomunicações, o serviço de transportes, a agricultura, a urbanização, “Plug-in do GOOGLE earth”; este último muito popularizado entre os jovens.
Diante dessa situação encontra – se o Professor de Geografia na Educação Básica tendo o desafio de ensinar Cartografia de
O melhor caminho para os professores de Geografia é lembrar que os conceitos clássicos da Cartografia não mudaram; mas estão sob um novo suporte. Podemos perceber a Latitude e Longitude nos aparelhos portáteis de GPS -  SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL ou os fusos -horários no mecanismo de horário de telefones celulares.
Quanta a escola pública, é necessário que ela forneça a estrutura tecnológica e gerencial aos professores de Geografia; na questão tecnológica tem que existir computadores e internet de boa qualidade; no quesito gerencial apoio e liberdade relacionado a capacitação e respeito ao trabalho desse professor.
Muitas o conservadores dos Gestores é o maior impedimento para essa Cartografia Digital; pois mesmo a escola dispondo de aparelhos tecnológicos moderno; esses Gestores ainda não estão preparados para o manuseio de um simples Editor de Textos. Nesse caso é necessário que eles sejam orientados à aderir a essa realidade tecnológica que a sociedade chegou.  

* Professor de Geografia da Rede de Ensino do Estado do Maranhão.

BIBLIOGRAFIA

JOLY, Fernand. A Cartografia; Campinas, SP: Papirus - 1990